segunda-feira, 23 de março de 2009

JOGO DE BÚZIOS


A complexidade do jogo de búzios está no conhecimento do campo de ação dos odùs, e para que possa assim combatê-lo, incentivá-lo ou neutralizá-lo.
Os odùs são consciências astrais que participaram da criação do Universo. Cada pessoa traz um odù de origem e cada oríşa é regido por dois ou mais odùs que podem ser positivo, neutro ou negativo. É importante destacar que independe se este odú pertença ou não ao oríşa de origem de uma pessoa, por exemplo, uma pessoa pode ser de Òşun e ter influência dos odùs de Yansan em seu destino. Na realidade um odù paga tributo a outro pela invasão do campo de ação desse mesmo odù.
Para nós, simples estudiosos desta cultura, é imperioso ter conhecimento dos odùs que eram conhecidos integralmente pelos famosos babalawôs,homens que na África nasceram e morreram levando consigo estes conhecimentos. Eles levavam de muitos anos infiltrados nestes estudos a ponto de se adaptarem do jogo de Opelê ao jogo de Ifá que contém 365 peças, através do qual eles professavam o destino de todos os seus protegidos. Podiam também, contar a vida de um desconhecido da hora de seu nascimento até a data presente sem errar um ponto se quer.
Hoje nesta época em que vivemos tornasse praticamente impossível almejarmos ser um Oluwô, mas sim ter um aprendizado necessário para a nossa vida contemporânea e futura.
Pelo que aprendi por verdadeiros mestres ao longo de minha vida num jogo búzios, obi, orobo a quantidade de odùs são assim distribuídas:

37 odùs: respondem no jogo de 37 peças, podendo chegar a 49 odùs.
27 odùs: respondem no jogo de 27 peças, podendo chegar a 33 odùs.
13 odùs: respondem no jogo de 16 peças, podendo chegar a 17 odùs.
09 odùs: respondem no jogo de 11 peças.
07 odùs: respondem no jogo de 7 peças.
09 odùs: respondem no jogo de obi (noz de cola)

§ Observação: O jogo de 11,9, 7 e 4 peças são os chamados jogos de sim ou não, e seu campo de ação é bem limitado.

O Campo de Ação de Alguns Odùs:

Onikansã a labareda boa ou má, e Odi o desastre regendo Èşu.
Ejiokô o nascimento, e Meji a caloria regendo Ibeji, Vunji e Êre.
Gunda Masá as cores, Ossá a doença do sangue, Orossun a dualidade e Ossatura o narcisismo regendo Logun e Logun Edé.
Assá o fio da navalha e Ôfurin os distúrbios e os desencontros familiares regendo Yemonja.
Aşetura a lentidão e Iká a morte presente regendo Bessem e Òşumare.
Obará Kê a paz e Eşeobara a doença espiritual.
Odi Dovarin a fantasia visual e Dodô Ofun perseguição regendo Oshossi.
Etala Metala equilíbrio gravitacional e Ajé Mirilê Ajé problemas monetários e de moral regendo Oşala.
Ofú a psicose e Ejionilê a moradia regendo Omolu.
Etaogunda a amnésia e Ainã o caminho de fogo regendo Ògún.
Aşetura Bessa a força bruta, Aşeturá as perdas e Ossaturá o desastre regendo Şàngó.
Laansã Laaşe a união e Ejionilê portas fechadas regendo Òsányìn.
Okarã a arma branca e Olokã Ele a viuvez regendo Nanan.
Obara Şekê o eco e Odi o fogo regendo Oya.
Bé Ofun o quebra ossos regendo Baba Egun.
Otubé kotan e Ejionilê o conflito. Domínio de tudo um pouco. Começo, meio e fim regendo Ifá.

Cada dia da semana traz além das características dos odùs que corresponde aos oríşas do dia acrescido também das características dos odùs que responder no jogo.

sábado, 14 de março de 2009

Igbeyáwo (Casamento)

Minha querida filha Valéria de Òşun atendendo ao pedido de sua filha e minha neta Carla de Òşun e de seu noivo também meu neto o ogã Alexandre de Oshossi, me pediu para que eu organizasse um ritual para que eles se casassem dentro da religião a que pertence. Fiquei felicíssimo, pois hoje em dia é muito difícil encontrar pessoas que apesar de serem do Candomblé, se preocuparem em ter sua união abençoada pelos oríşas.
O igbeyáwo foi feito obedecendo às regras de um rito afro-brasileiro, não poderia ter a intenção de copiar um casamento originalmente africano, até porque estamos no Brasil e com a chegada dos escravos vindos da sua Terra Mãe África, eles próprio tiveram que se adaptar a uma nova forma de adoração a seus deuses.
A cerimônia do igbeyáwo foi realizada no dia vinte e dois de novembro do ano de dois mil e oito. Antes deste ritual, no decorrer do mês, os noivos ficaram recolhidos. Foram feitas várias oferendas. A primeira para Èşu o deus da Fertilidade e da Libido. Depois para Ògún com pedidos de harmonia e proteção e por fim Òşun e Oshossi com os pedidos de felicidade, êxito, fortuna, etc.

Início da cerimônia:
O oníyàwó (noivo) sai de seu recolhimento para homenagear os oríşas dançando para Oshossi e Òşun. Após a dança se retira.



Chegada da ìyáwọ (noiva).
Ela é recebida pela sacerdotisa e outras mulheres que lhe veste e enfeitam para que possa entrar no barracão.
Pronta para começar a dançar para Oshossi e Òşun.





O encontro dos noivos:
Juntos dançam para os deuses da fertilidade: Èşu, Ògún e Oshossi.





As alianças:
Os pais da noiva abençoam as alianças. Começa o ritual de compromisso

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Os Primeiros Descendentes de Ódùdúwa

Algumas vertentes supõem que Nimrod um poderoso caçador fenício e Ódùdúwà trata-se de uma mesma pessoa, ou seja, o fundador de Ile Ifẹ e da Cultura Yorubana.
Os descendentes de Nimrod o teriam seguido para guerrear contra a Arábia, e que lá se instalaram por um período. Depois por perseguição religiosa foram expulsos seguindo assim para África. A primeira colonização permanente deles teria sido em Yarba. É interessante observar que Yarba é semelhante ao termo Hausa de Yarriba para Yorubá.
Assim mais uma vez podemos concluir provavelmente que:
 Os Yorubás são do Alto Egito ou Núbia.
 Do Alto Egito foram para Ile Ifẹ (as esculturas conhecidas como “Mármore de Ifẹ” são de estilo totalmente egípcio).
 O Ọpa Ọrañyan, obelisco erguido sobre o suposto tumulo de Ọrañyan tem o talho de origem fenícia.
 Que os yorubás eram súditos do conquistador Nimrod que era de origem fenícia; e que os Yorubás o seguiram até a Arábia, onde se instalaram por um tempo.

Quando saíram expulsos de seu país Ódùdúwa e seus filhos juraram ódio mortal pelos mulçumanos que os havia derrotado e assim juraram vingança. Mas, Ódùdúwa desapareceu¹ em Ile Ifẹ antes que fosse poderoso o bastante para marchar contra eles. Seu filho primogênito Ọkànbi (Idẹkoşerọake) também desapareceu em Ile Ifẹ.
¹Observação: os heróis e heroínas divinizados nunca são citados como mortos, e sim como tendo desaparecido.
Sobraram então sete príncipes e princesas que mais tarde ficaram famosos. Deles é que se originou a nação Yorubá.

 A primeira filha era uma princesa que se casou com um sacerdote. Dessa união nasceu Olowu o antepassado dos Owus.
 A segunda também uma princesa tornou-se mãe de Alaketu, o pai do povo Ketu.
 O terceiro um príncipe que se tornou rei de Benin.
 O quarto era Ọrangun que se tornou o rei de Ila.
 O quinto Onişabẹ ou rei de Şabẹs.
 O sexto Olupòpo, ou rei dos Popos.
 O sétimo e último Ọrañyan que era o pai dos Yorubás ou Ọyọs.
Todos esses príncipes se tornaram reis que usavam coroas para se distinguirem dos vassalos.
É preciso ressaltar que as princesas Yorubás tinham e ainda tem o direito de escolher o seu marido, podendo ser de qualquer classe social. E este fato não impede de seus filhos poderem ser reis.
Ọrañyan era o mais jovem neto de Ódùdúwa, mas também o mais rico e renomado. Como isso aconteceu é contado através de algumas histórias tradicionais.
Uma das versões desta história conta que com o desaparecimento do Rei, o avô deles. A herança foi dividida diferentemente entre seus herdeiros, como se segue:
O rei de Benin: dinheiro (conchas de cowry).
Ọrangun rei de Ila: as esposas dele.
O Onişabe o rei de Şabẹ: o gado.
Olupòpodos o rei dos Popos: as contas (rosários).
Olowu o rei dos Owus; os artigos de vestuário.
Alaketu o rei de Ketu: as coroas.
E finalmente Ọrañyan:nada além de terras.
Alguns afirmam que Ọrañyan estava ausente numa expedição bélica quando a partição foi feita, ficando assim excluído de todos os bens móveis. Porém, Ọrañyan ficou satisfeito com sua porção e imediatamente realizou com extrema habilidade as seguintes reformas:
Ele passou a considerar os irmãos como seus inquilinos que viviam na terra que pertencia a ele, logo, pelo aluguel Ọrañyan recebeu: dinheiro, mulheres, gado, contas, vestimentas e coroas, ou seja, tudo o que os irmãos haviam herdado, e como todos eles eram dependentes da terra, já que estavam se alimentando desta teriam que pagar tributo a Ọrañyan.
Além disso Ọrañyan era o escolhido para suceder o pai como Rei na linha direta da sucessão (a razão para isto era que ele “nasceu na púrpura”, quer dizer nascido depois que o pai havia se tornado rei. Este era um costume prevalecente para o “Aremo Oyè”, isto é, o primeiro nascido do trono, sucede o pai.). Para os irmãos foram designadas várias províncias em cima das quais eles governaram mais ou menos independentes, o próprio Ọrañyan foi colocado no trono como Alâfin ou Senhor do Palácio Real de Ile Ifẹ.
Outra história conta que Ọrañyan possuía somente um pedaço de trapo rasgado contendo terra, 21 pedaços de ferro, e um galo. Toda a superfície da terra estava então coberta por água. Ọrañyan pôs a terra que estava enrolada no trapo na superfície da água e após isto colocou o galo que com os pés espalhou a terra; a vasta expansão de água foi preenchida totalmente, e a terra seca apareceu em todos os lugares. Os irmãos dele preferindo se manter na terra seca em lugar da superfície da água, tiveram que pagar tributo anual a Ọrañyan para que pudessem usufruir com o irmão mais jovem, a sua própria porção.
Nota-se que ambas as histórias a terra pertence a Ọrañyan, conseqüentemente a declaração comum “Alâfin l’oni ilẹ” (o Alâfin é o senhor da Terra): os pedaços de ferro representam os tesouros subterrâneos, e o galo como subsista da terra.
Como podemos observar a primeira narrativa parece ser a mais provável, a segunda lembra mais uma caricatura da criação e do dilúvio. Mas é justo mencionar que geralmente a opinião mais aceita é aquela em que Ọrañyan ficou mais próspero que os irmãos devido ao fato de ser um virtuoso, já que eles são determinados por uma vida de licenciosidade desenfreada; e também sem dúvida o fato de ser o mais bravo que todos eles, ele era o preferido para estar sentado no trono ancestral de Ile Ifẹ que era então a capital do país Yorubá.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

OKUTÁ (OTÁ)

Okutá, por elisão Otá = pedra para assentamento de oríşas.


É muito importante que saibamos a diferença entre uma pedra comum e um verdadeiro otá. Pedra é pedra; e um otá é um otá e não pode haver engano, porque um otá de oríşa representa uma vida e, portanto e para tanto não pode haver engano.
É preciso saber a diferença, pois uma pedra comum não tem vida, é morta e, com certeza não pode responder por nenhum apelo.

 Entre um otá e uma pedra comum do mesmo tamanho, o otá pesa mais.
 Segundo me foi dito, um otá tem que ter a forma tal e qual da geração humana. O formato do otá masculino é ao comprido e o feminino redondo.
 Um otá não pode ser quebrado e nem polido.

Otás retirados de rio.
À esquerda oríşa homem (oboró), à direita oríşa mulher (ayabá).

Otás retirados do mar.

À esquerda otá para oboró e à direita para ayabá.



Estes otás podem ser para oríşas tanto fêmea como macho ou que respondam pelos dois sexos.

Os otás colhidos no mar, porém podem ter vários tipos de formatos e ressaltos, a água do mar provoca a erosão que se encube de formar otás especiais. Embora sejam recortados, furados, não perdem sua essência e mantém seu peso e valor.
Abaixo alguns otás marítimos que dependendo de como ele é posicionado, podemos enxergar um animal, um totem, um, coração, um ibi, etc.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

LOGUN OU LOGUN EDÉ, UM ORÍŞA, UMA FÁBULA. DEUS DA METAMORFOSE. DEUS DO SANGUE E DE SUAS DOENÇAS, CIRCULAÇÂO E CURA.

LOGUN OU LOGUN EDÉ, UM ORÍŞA, UMA FÁBULA.

Segundo o que me foi dito pelos negros curandeiros, com os quais convivi também pelos entendidos zeladores de santo de tempos atrás e hoje confirmado pelas minhas pesquisas através dos revezes acontecidos na vida de muitos clientes, filhos e adeptos que me procuram para um conselho espiritual, assim dando lugar a um conhecimento mais profundo das características deste oríşá e seus descendentes.

Os oríşas chamados Logun, para muitos só existe um, que é originário da união de Òşun e Oshossi, às vezes não sabem nem como chamar, se de Logun ou Logun Edé, pois bem, temos aqui os Loguns cultuados pelos negros antigos com os quais muito aprendi.

Devo explicar que apesar de apresentar o nome de oríşás, esses ensinamentos me foram dados através de estudos de òdús que são inteligências astrais que participaram da criação do mundo. Os oríşas regem ou são regidos por dois ou mais odùs que podem ser positivo, neutro ou negativo. Portanto quando coloco estas uniões é preciso que se entenda que não se trata de uma união carnal, mas sim de uma UNIÃO de FORÇAS de ÒDÚS, que tem como origem os òdús do oríşa Òşun.

Como nem todos têm conhecimento do que seja odù optei por dar nomes não dos odús, mas sim dos oríşas regidos por eles. Aprendi com esses mesmos negros que não se zela um oríşa sem o devido conhecimento de seus odùs de origem.

  1. LOGUN – OSHOSSI – ÒŞUN.

Oshossi marido e Òşun mulher. União das forças dos odus de Oshossi oríşa andrógino com Òşún.

  1. LOGUN – ÒGUN – ÒŞUN.

Ògun remador (empregado) e Òşun rainha. União de forças dos odùs de Ògun e Òşun.

  1. LOGUN – ŞÁNGÓ – ÒŞUN. União de forças de odùs de Şàngó e Òşun.

Şàngó pai e Òşun filha.

Então temos três Loguns e esses três em vice-versa, formam seis Loguns, ou seja, na composição acima são Loguns e estes mesmo trazendo a àyaba na frente, ou oríşá feminino: Logun Edé.

Pois bem, seis loguns, com um oríşa conhecido como Ògun Şoroke este porque seis meses de Ògun, seis meses Èşu, é da família dos loguns. Para se fazer este oríşá requer muita sabedoria, muito requinte, porque ele só estará concluído, quando para ele é sacrificado um cachorro.

Destes oríşas e de suas verdadeiras classificações, depende a vida e a sorte de muitas pessoas; primeiro porque existem e na maioria das vezes são ignorados; segundo porque a maioria só conhece o da união Oshossi e Òşun, e por isso não classificam os outros; terceiro porque tanto é difícil sua formação, como para se fazer um oríşa desse. Daí o interesse de muitos em ignorar. Para se raspar é necessário separar as partes de cada um dando o que é da parte feminina à àyaba e da parte masculina ao oboró. Suas curas, suas partes no mokunã (cabelo), seus apetrechos, etc.

Preciso salientar que ao falar de Logun e Logun Éde, eu destaquei Şoroke porque este logun requer todo cuidado e até muito mais que os outros. As miçangas são com as cores de Ògun e alguns pontos e Èşu, mas não a ponto de colocarem dois keles nesta qualidade de Logun, um de contas azuis e um de aço, como já vi fazerem por aí. Esta qualidade de Logun só se faz um kele, que se faz para Ògun – Èşu, por que:

  1. Este Logun não é bissexual e sim um homem que raciocina de duas maneiras, pondo-as em prática de acordo com a força da lua. Esta mudança é de homem bom para um homem mal e não de homem para mulher.
  2. Não é como os outros que com obrigação de um ou três anos dão lugar ao juntó. Mas ele passa a ser Èşu e Ògun para quando der obrigação de sete anos ele descansar e então dar lugar ao juntó.
  3. Ele não passa pela transformação de Logun Ede como os outros e até no orúkó (nome), enquanto os outros trazem nomes de conotação feminina e masculina, ele traz o seu nome só baseado na vida do homem e do diabo.

ORÍŞA LOGUN DA FAMÍLIA DE OSHOSSI E ÒŞUN

ODI DOVARIN E OBARÁ KÊ

Seus pais são Oshossi Ode e Òşun Anirá, representando este o amor livre e ao mesmo tempo o falso amor e o poder profissional.

Logun (Oshossi e Òşun) definição: marido e mulher estando todo o poder deste oríşa nas mãos do homem. Portanto para cultuá-lo nunca foi necessário dividir seu preceito nem seus balés şires (indumentária) e kele. Seu kele e adogun são baseados nas cores dos dois, ou seja, verde e dourado, embora alguns babaloríşas usem o azul e o dourado. Nas mãos traz o símbolo deste amor propagado. Na mão esquerda um ofá, símbolo do amor e da traição. Na mão direita uma adaga ou abebé ou um rekere. Tanto pode usar um adê como um turbante. Para sua feitura que é muito complexa, pois tudo terá que ser dividido a começar pelo batismo até os sacrifícios dos animais. A cabeça (orí) dividida lado direito para Oshossi, lado esquerdo pra Òşun, sendo que o juntó ficará com a parte de trás, enquanto que o escravo e o erê ficam com determinada parte da frente, retirada do pertencente aos dois òdus, que se complementam em um só oríşa.

ORÍŞA LOGUN DA FAMÍLIA DE ŞÀNGÓ E ÒŞUN

AŞETURA BESSA E OŞÉ

Logun (Şàngó e Òşun), este por sua qualidade é filho de Şàngó Aia, oríşa este que para os cultuadores de grande conhecimento carrega Oshala nas costas, não por gratidão, mas sim como castigo por sua traição com o surgimento deste filho.

Şàngó Aiá e Òşun Aleuá: sendo este Logun definido como Şángó pai e Òşun filha. Este obedece às mesmas regras normais dos outros, dividindo sua cabeça, sua pintura e sua roupa. Suas cores são o marrom e o dourado, tanto para seus balés şires como para suas vestes. Na mão esquerda traz o ogbogba (balança) que simboliza as glórias e a traição geração. Na mão direita uma adaga ou uma palma símbolo de seu império. Seu assentamento é muito delicado, por tratar-se de Òşun filha e por assim ser é feito um ao lado do outro. Este oríşa não foge a regra dos outros şàngós em relação a seu assentamento: uma gamela, dentro desta um oberó com ele e ao lado dele, dentro da mesma gamela, o de Òşun filha.

Este oríşa traz consigo uma grande ira em relação a traição de seus familiares. Não é contra ao matrimônio, mas também não é favor. Exige apenas de seus filhos uma reparação para a vida desregrada, condenando, se mulher, só possuir filhos homem e se homem só filhas. Um caso entre mil ele abre mão deste princípio, concedendo o direito a uma modificação e, em geral, seus filhos só encontram a paz e o bem estar quando bem maduros.

Este oríşa é dono do equilíbrio monetário e da economia. Seus filhos são dotados geralmente de grande facilidade para o acerto das finanças.

ORÍŞA LOGUN DA FAMÍLIA DE ÒGUN E ÒŞUN

ETAOGUNDÁ E EŞEOBARA

Logun (Ògun e Òşun), este é filho de Ògun Perere e Òşun Aboto, sendo este Logun definido: Ògun Remador; empregado de Òşun Rainha. Também este obedece as mesmas rergras e fundamentos dos outros. Suas cores são o azul marinho e o dourado. Este como os outros trás em uma das mãos o símbolo da traição uma estrela sobre um cálice e na outra o símbolo do sacrifício, representado por um barquinho a vela com duas espadas cruzadas em seu mastro. O seu assentamento acarreta a mesma imposição do homem, sendo o de Ògun em cima e o de Òşun embaixo.

A mitologia da vida deste oríşa é baseado nos pertences do mar, e geralmente seus filhos são pescadores, marítimos, etc.

Ele é bem favorável da vida a dois, porém vida esta cheia de drama e de conformidade. Seu ponto principal é a vingança. Seus bens são poucos, mas constantes. Nunca nada falta, mas também nada sobra.

Como foi dito que temos sete qualidades deste oríşa temos três no domínio masculino: Logun e estes três oríşas em vice-versa no domínio feminino: Logun Ede.

Os Loguns Edes são oríşas muito meticulosos em tudo, pois nem tudo pode ficar sob o domínio da mulher. E por assim serem, tudo o que diz respeito a eles tem que ser bem divido e bem equilibrado, para que ambos fiquem no mesmo nível pessoal, mas sem que a parte feminina perca a sua primazia. Para que tal aconteça, as coisas seguem este roteiro para qualquer Logun Ede: dois keles, dois adoguns, dois pares de contra-eguns (embora o yawo só use um par), duas senzalas, duas penas de kodidé, dois şaoros, um okutá (otá) representando dois sexos ou dois otás, o cabelo em dois, suas curas muito bem repartidas, sendo que em tudo isso a parte de ayabá fique por cima do oboró e em primeiro lugar.

Suas cores são as mesmas, suas vestes são de ayabá, porém com um laço atrás ou no ombro determinando o direito do homem.

Todos os Loguns Edés tem como princípio o casamento ou o amor eterno. O casamento para seus filhos é a coisa mais importante da vida, todavia não se adaptam com muita facilidade, pois não gostam de receber ordem do cônjuge.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A Origem do Yorubá


A Origem do Yorubá

Existem várias fabulações feita em relação à origem da nação Yorubá. Uso a palavra fabulação porque apontar com certeza o princípio da história da maioria das nações é praticamente impossível já que o que se conhece foi relatado oralmente, ou seja, hoje eu conto uma história para X, amanhã X conta a mesma história para Y do que entendeu acrescentando ou subtraindo, e Y contará para Z da mesma forma e assim sucessivamente.
Entre as várias vertentes podemos destacar a que se encontra no livro intitulado “The History of the Yorubas” do reverendo Samuel Johnson, onde é dito que os “Yorubas teriam sido originados de Lamurudo Rei de Meca cuja descendência era Oduduwa, o antepassado dos Yorubás, o Rei de Gogobiri e de Kukawa, duas tribos do país de Hausa. O período que Lamurudu reinou é desconhecido, mas um dos relatos emitidos da revolução entre os seus descendentes ocasionando a dispersão dos mesmos, parece ter sido um considerável tempo após Maomé”.
O que se contam é que Oduduwa era possuidor de grande influência durante o reinado de seu pai. E que o propósito dele era transformar a religião estatal em paganismo, e consequentemente ele converteu a grande mesquita da cidade em um templo de ídolo, e Asara o seu sacerdote, que era um fabricante de imagens a abasteceu com ídolos. Asara teve um filho chamado Braima que teria sido educado por um maometano. Durante sua menoridade Braima era obrigado a vender as imagens fabricadas pelo pai, coisa que ele não acreditava e detestava fazer. Passaram-se os anos, certo dia Oduduwa convocou os homens a saírem em caçada durante três dias para celebração de festas em honra aos deuses. Braima aproveitando a ausência destes homens liderou destruição das imagens desses deuses cuja presença tinha profanado a mesquita sagrada. Por este ato Braima foi queimado vivo. Este foi o estopim para uma guerra civil. Cada uma das duas partes tinha seguidores poderosos, mas o partido maometano que era suprimido do auxilio superior, derrotou os oponentes deles. O rei Lamurudu foi morto, e todos seus descendentes e simpatizantes foram expulsos da cidade. Os príncipes que se tornaram Reis de Gogobiri e Kukawa foram para direção oeste e Oduduwa para direção leste. Oduduwa depois de vagar por 90 dias de Meca, finalmente se estabeleceu em Ile Ifé onde ele se encontrou com Agbòniregun (ou Sẹtilu), o fundador da adoração a Ifá. Todas as várias tribos da nação Yorubá marcam a origem delas de Oduduwa e da cidade de Ile Ifẹ. De fato Ilẹ Ifẹ é lendária como o local onde Deus criou o homem branco e preto, e de onde eles se dispersaram por toda a parte da terra e que as tribos principais que originaram os sete netos de Oduduwa são; os Yorubás de Ọrañyan, Benins, Ilas, Owus, Ketus, Sabẹs e os Popos
Há várias controvérsias sobre esta tradição. Uma delas é em relação os Yorubás serem originários de Meca, ou seja, de família árabe. Não há nenhum registro dos árabes que descreva qualquer rei de Meca e um evento deste nunca passaria despercebido pelos historiadores deles. O que se pode afirmar é que os Yorubás vieram originalmente do Leste, com seus hábitos e culturas. E para eles o Leste é Meca e Meca é Leste. Tendo forte afinidade com o Leste, e Meca é a miragem Leste; e em grande para eles tudo que vinha do Leste, vinha de Meca.
Através de relatos e tradições autenticas ou mitológicas o que podemos assegurar sobre a origem mais provável dos yorubás é que eles sejam oriundos do Alto Egito, ou Núbia (no deserto do Sudão). Logo, se pode dizer que a língua Yorubá é de origem sudanesa. O Sudão fica a Leste no continente africano. E que eles eram súditos do conquistador Nimrod de origem fenícia.
Os Yorubás originalmente eram totalmente pagãos. O maometismo professado hoje foi introduzido no final do século XVIII. Os Yorubás acreditam na existência de um DEUS TODO PODEROSO, denominado ỌLỌRUN, o SENHOR DO CÉU, que é reconhecido como o criador do céu e da terra e de muitos deuses intermediários denominados de ORÍŞAS.

Quatro cantigas sobre os orixás que regem o ano de 2009. Tiradas do livro Antropologia do Candomblé vol. II

Şõro, şọrọrọ adv. 1. Copiosamente, fartamente.
ké vt. 1. Favorecer, dar como favor. 2. Ter calma ou prazer. 3. Armar uma armadilha.
Òdàrà s. 1. Codinome de Exu.
Òdàrà s. 1. Codinome de Exu.
pápà s. 1. Ansiedade, preocupação, problema.
ègbo sm. 1. Milho seco cozido, pudim de milho. egbò s. 2. Ferida, úlcera.
ẹ pron.pess. 1. Contração de “ẹnyin” = Você (s), vós, tu. 2. Lhe, lho, lha.
şõrọ adv. Copiosamente, fartamente.
ké vt. 1. Favorecer, dar como favor. 2. Ter calma ou prazer. 3. Armar uma armadilha.
Òdàrà s. 1. Codinome de Exu.
Òdàrà s. 1. Codinome de Exu.
pápà s. 1. Ansiedade, preocupação, problema.
ẹbọ s. 1. Sacrifício, imolação.

Segunda versão:
Şõrọ ké Òdàrà
Òdàrà pápà ègbo
Şõrọ ké Òdàrà
Òdàrà pápà ẹbọ.

Texto: Temos tudo em abundância porque somos favorecidos por Èşù. Quando temos algum problema oferecemos milho cozido para Èşù. E vocês para terem algo em grande quantidade, terão que pagar os favores à Èşù. Porém, se Èşù ficar desgostoso não há sacrifício que o alcance.

Àwoyó s. 1. Palavra que qualifica a ninfa Yemonjá.
ta v.t. 1. Chutar, escoicear, espicaçar, cair do cavalo, esparramar-se. 2. Iluminar, derramar luz. 3. Abrir um abscesso. 4. Ser persistente.
ni v.t. 1. Dizer. v.de lig. 2. Ser. prep. 3. Em, para. 4. Contração de “eni” = Alguém. pron. demonstr. 5. Aquele.
bọ v.t. 1. Idolatrar, adorar.
jálè, jálẽkán adv. 1. Completamente, por toda a parte. 2. Por toda a parte. v.i. 3. Resultar.
ta v.t. 1. Chutar, escoicear, espicaçar, cair do cavalo, esparramar-se. 2. Iluminar, derramar luz. 3. Abrir um abscesso. 4. Ser persistente.
ni v.t. 1. Dizer. v.de lig. 2. Ser. prep. 3. Em, para. 4. Contração de “eni” = Alguém. pron. demonstr. 5. Aquele.
bọ v.t. 1. Idolatrar, adorar.
jálè, jálẽkán adv. 1. Completamente, por toda a parte. 2. Por toda a parte. v.i. 3. Resultar.
àróle s. 1. Herdeiro, morgado, aquele que sucede o chefe da casa.
ta v.t. 1. Chutar, escoicear, espicaçar, cair do cavalo, esparramar-se. 2. Iluminar, derramar luz. 3. Abrir um abscesso. 4. Ser persistente.
ni v.t. 1. Dizer. v.de lig. 2. Ser. prep. 3. Em, para. 4. Contração de “eni” = Alguém. pron. demonstr. 5. Aquele.
bọ v.t. 1. Idolatrar, adorar.
jálè, jálẽkán adv. 1. Completamente, por toda a parte. v.i. 2. Por toda a parte.

Segunda versão:
Awoyó ta ni bọ jálè
Ta ni bọ jálè
Àróle ta ni bọ jálè

Texto: Awoyó ilumina aquele que a idolatra inteiramente. Ilumina aquele que a idolatra por toda a parte. Seus herdeiros são aqueles que sempre a idolatram em todos os lugares.

Yèyé s. 1. Mãezinha, queridinha, mãe graciosa.
yèyé s. 1. Mãezinha, queridinha, mãe graciosa.
yèyé s. 1. Mãezinha, queridinha, mãe graciosa.
ho, o interj. 1. Palavra mais usada para saudar e receber pessoas.
olo s. 1. Senhor (dono). òló s. 1. Rato.
bi v.t. 1. Perguntar ou indagar de alguém. bí v.t. 1. Gerar, dar nascimento a. conj. 2. Se. bì v.t. 1. Empurrar vilentamente. v.i. 2. Vomitar.
wa, awa pron. 1. Nós. wá v.t. 1. Procurar por, buscar, vasculhar. 2. Dividir, partir em pequenos pedaços. v.i. 3. Vir, mover-se em direção a. interj. 4. Contração de “wána” = Venha cá! Olhe aqui! wà v. de lig. 1. Ser, existir. v.i. 2. Cavar, remar.
omi s. 1. Água, suco, sumo.
àşẹ s. 1. Amém. 2. Lei, comando, instrução, ordem.
tóri v.i. 1. Cair nas graças de alguém
efan s. 1. Grupo étnico oriundo da cidade de Ifon, Nigéria.
ojúkojú adv. 1. Face a face.
àyaba s. 1. Rainha, mulher do rei. Nome honorifico dado às divindades femininas yorubanas. àyabá 1. Trabalho temporário, eventual.
ho, o interj. 1. Palavra mais usada para saudar e receber pessoas.
olo s. 1. Senhor (dono).
bí v.t. 1. Gerar, dar nascimento a. conj. 2. Se.
wa, awa pron. 1. Nós.
omi s. 1. Água, suco, sumo.
àşẹ s. 1. Amém. 2. Lei, comando, instrução, ordem.
tóri v.i. 1. Cair nas graças de alguém
efan s. 1. Grupo étnico oriundo da cidade de Ifon, Nigéria.

Terceira versão:
Yèyé yèyé yèyé o!
Olo bí wa
Omi àşẹ tóri efan
Ojúkojú àyaba o!
Olo bí wa
Omi àşẹ tóri efan

Texto: Mãezinha, mãezinha graciosa! Dona do nosso nascimento. Assim seja sua água, graça divina dos efan. Face a face com a rainha o! Dona do nosso nascimento. Assim seja sua água, graça divina dos efans.


Ọya,Yansan s. 1. Divindade. Deusa dos Ventos, dos Raios e dos Mortos. Senhora da tarde. Deusa do rio Níger.
té adv. 1. Acima (qualificando verbos que significam por, colocar, deixar). tè v.t. 1. Venerar, adornar, propiciar, respeitar.
tè v.t. 1. Venerar, adornar, propiciar, respeitar.
Ọya,Yansan s. 1. Divindade. Deusa dos Ventos, dos Raios e dos Mortos. Senhora da tarde. Deusa do rio Níger.
igbalé s. 1. Casa dos mortos. 2. Ritual dos Eguns.
Ọya,Yansan s. 1. Divindade. Deusa dos Ventos, dos Raios e dos Mortos. Senhora da tarde. Deusa do rio Níger.
tè v.t. 1. Venerar, adornar, propiciar, respeitar.
tè v.t. 1. Venerar, adornar, propiciar, respeitar.
àyaba s. 1. Rainha, mulher do rei. Nome honorifico dado às divindades femininas yorubanas.

Ọya tè tè Ọya igbalé
Ọya tè tè ìyãgbà

Texto: Ọya deve-se venerar e respeitar. Ọya, deusa da casa dos mortos. Ọya tem que ser venerada respeitada definitivamente, ela é a nossa àyaba.
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